sábado, 18 de dezembro de 2010

4 - Continentes

I

- Senhor, menino, jovem, senhora, menina, jovem...Não entendo se aqui tem propagação de som, não sei se me ouve, não sei se é um exército ou exército de um só, mas sei menos ainda porque foi o primeiro a atrair meu navio.

Olhem... Dele, muitas coisas podem ser ditas. Alguns diriam ser uma pessoa curiosa e se purificariam com a despedida.
Digo que era um pássaro com longas asas, longas patas, e que eu nunca o via levantar vôo, duvido que alguém tenha visto. Paralisa nossa córnea, causa impotência temporária nos nossos fluidos lacrimais, mas um vento simples nos distrai, e ele desaparece, reaparecendo no nosso odioso olhar virado para o céu.
Num pouso nacional, conduziu-me:

- A correnteza não foi, a lua não envia vendavais, e que possa me perdoar, eu não mando em nada que aqui você possa ver, eu não posso, sim, não posso ver, por isso não comando, por isso não acho estranho demais alguém vir aqui visitar um lugar tão autônomo, eu não poderia amar se é isso que procura, não poderia aconselhar se é isso que espera, não vejo o caminho, e não tenho um mapa, espero que sua viagem não continue tão azarada por conta da primeira ida...

Ele era um pássaro e não conseguia ver, como então aprendera sobre a vida?
Meu pensamento foi logo pressentido:

- Uma só é a vida, pequena demais pra ter alguém que se ache capaz de se nomear instrutor de qualquer engenhoca que venha a inventar. Tenho os meus Agarrados, e vivo mal, mas se não os tivesse seria o caos.

Pude logo deduzir que fossem os ouvidos. O vi levantando da onde estava pousado, vinha devagar, mas não tocava em nada, era uma sombra, poderia desaparecer a qualquer momento se não déssemos qualquer atenção que nos pertença, e eu tremia só em fracassar em pensamentos, eu o amava pois não queria deixá-lo, você não o amaria, não amamos os Porcos Quentes (Poucos Que Tem).

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